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Capital Externo Continua Avançando na Fusões |
Estudo da KPMG mostra que grupos estrangeiros participaram de 105 das 167
operações do semestre
O capital estrangeiro continua avançando nos principais negócios dentro do mercado brasileiro. Estudos da consultoria KPMG mostram que no primeiro semestre do
ano houve 167 fusões e aquisições, uma queda de 2,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Do total de transações, equivalente ao movimento de US$ 5,8 bilhões, o capital
estrangeiro participou de 105 negócios - mais de US$ 3,6 bilhões de investimentos na compra de empresas nacionais - , enquanto o empresariado brasileiro ficou com outras 62 aquisições. A
consultoria considera o valor médio de US$ 35 milhões por transação.
No comparativo deste primeiro semestre com as operações do mesmo período de 1995 - no primeiro semestre desde a
instituição do Plano Real - , é bem visível o avanço do capital internacional em aquisições no País. O Brasil promoveu 92 negócios nos primeiros seis meses de 1995, com as multinacionais
adquirindo 54 empresas brasileiras. Já o capital nacional ficou com outras 38 transações.
Considerando o total de transações deste ano, até o fim de junho, de 105 negócios feitos
com capital estrangeiro, o volume de crescimento, em comparação com o primeiro semestre de 95, chegou a 94,4%. Os negócios fechados com capital internacional estão acima de cem transações
nos dois primeiros semestres do biênio 97/98.
Os destaques em fusões e aquisições, nos primeiros seis meses por parte do capital estrangeiro, são as áreas de alimentação, finanças,
telecomunicações, química/petroquímica e autopeças. As multinacionais, procurando trabalhar com marcas e escalas globais, têm batido fortemente no setor de alimentação dentro do mercado
brasileiro.
Perto de US$ 400 milhões foram desembolsados pelas múltis para absorver tradicionais empresas brasileiras, como Café do Ponto (pela norte-americana Sara Lee), Etti e
Batavo (pela italiana Parmalat) e Peixe (pela também italiana Círio). Das 19 transações nesse segmento ocorridas neste primeiro semestre, as empresas estrangeiras tiveram participação em
12.
Também no mercado financeiro foi grande o número de aquisições. Os bancos internacionais realizaram 14 negócios, do total de 18. A ponta mais visível dessas negociações foi a
incorporação do Banco Garantia pelo Crédit Suisse First Boston (CSFB) por US$ 1 bilhão.
Pouco antes da operação do CSFB/Garantia, os espanhóis do Bilbao Vizcaya investiram US$ 500
milhões para levar o Excel Econômico, do banqueiro Ezequiel Nasser, enquanto os concorrentes do Santander, também espanhol, levaram o Noroeste - no ano passado, o Santander também comprou o
Banco Geral do Comércio. Enquanto o Santander pagou US$ 480 milhões pelo Noroeste, os portugueses da estatal Caixa Geral de Depósitos (CGD) - uma espécie de Caixa Econômica Federal lusitana
- investiram US$ 400 milhões na compra do Banco Bandeirantes.
Não se pode deixar de lembrar que o capital nacional andou adquirindo bancos concorrentes no Exterior. Foi o caso, por
exemplo, do Banco Itaú na Argentina, que comprou o Banco Buen Ayre por US$ 225 milhões.
Neste primeiro semestre, a indústria química também se viu invadida pelos investimentos
estrangeiros. Foram 14 negociações entre as 16 do setor. A maior transação do mercado foi em junho, quando a Phelps, dos Estados Unidos, desembolsou em torno de US$ 200 milhões para levar a
Copebrás, principal empresa brasileira na produção de negro-de-fumo - matéria-prima utilizada na fabricação de pneus e componentes para a indústria automobilística.
Não foi só na
área de pneus que empresas nacionais fornecedoras das grandes montadoras foram parar nas mãos dos investidores estrangeiros. No primeiro semestre, das 12 transações do setor de autopeças,
pelo menos nove ficaram com companhias fornecedoras globais. A norte-americana Dana Corporation, uma das maiores do mundo, depois de montar 14 fábricas no Brasil, continuou comprando
concorrentes nacionais para encurtar o caminho de crescimento.
Por intermédio de uma compra internacional da também norte-americana Echilin, a Dana levou o tradicional fabricante de
carburadores Brosol. Mais recentemente, adquiriu a Nakata, que produzia amortecedores e escapamentos.
Apesar de no primeiro semestre o setor financeiro ter figurado como primeiro no
ranking nacional em fusões e aquisições, no decorrer dos quatro anos do Real, o setor de alimentos, bebidas e fumo tem sido imbatível.
Desde a instituição do Real, em julho de 94, a
área de alimentos promoveu 131 transações. Somente as empresas estrangeiras fizeram 81 negócios. O setor de massas e biscoitos foi dominado pelas gigantes internacionais. Nesses quatro
anos, foram desnacionalizadas marcas tradicionais do setor, como Triunfo, Aymoré e Zabett. Na produção de derivados de tomate das grandes empresas ficou apenas a goiana Arisco.
Fonte: O Estado de S. Paulo, 06/07/1998Por: Edilson Coelho
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